Esta es la nota de Alvaro Siza sobre dibujos de viaje. La transcripción en portugués, para quien tenga dificultades en entender su caligrafía, es ésta:

Nenhum desenho me dá tanto prazer como estes: desenhos de viagem.

Viajar é como prova de fogo, individual ou colectivamente.

Cada um de nós esquece à partida um saco cheio de preocupações, aborrecimentos, stress, tédio, preconceitos.

Simultaneamente perdemos um mundo de pequenas comodidades e os encantos perversos de rotina.

Viajantes íntimos ou desconhecidos dividem-se em dois tipos: admiráveis e insuportáveis.

Um bom amigo sofre verdadeiramente porque o Mundo é grande. Jamais poderá permitir-se – diz – repetir uma visita; abala nervoso, crispado, olhos a saltar das órbitas.

Por mim gosto de sacrificar muita coisa, de ver apenas o que imediatamente me atrai, de passear ao acaso, sem mapa e com uma absurda sensação de descobridor.

Haverá melhor do que sentar numa esplanada, em Roma, ao fim da tarde, experimentando o anonimato e uma bebida de cor esquisita – monumentos e monumentos por ver e a preguiça avançando docemente?

De súbito o lápis ou a bic começam a fixar imagens, rostos em primeiro plano, perfis esbatidos ou luminosos pormenores, as mãos que os desenham.

Riscos primeiro tímidos, presos, pouco precisos, logo obstinadamente analíticos, por instantes vertiginosamente definitivos, libertos até à embriaguez; depois fatigados e gradualmente irrelevantes.

Num intervalo de verdadeira Viagem aos olhos, e por eles a mente, ganham insuspeita capacidade.

Aprendemos desmedidamente; o que aprendemos reaparece, dissolvido nos riscos que depois traçamos.

Escaneé la página del libro de Carles Muro, “Arquitecturas fugaces”, publicado por mi amigo Ricardo Lampreave)



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